sexta-feira, 21 de março de 2008

A Indústria Petroquímica no Brasil


A indústria petroquímica brasileira tem suas origens no governo militar, mais precisamente na década de 1970, quando foram construídos no país o Pólo Petroquímico de São Paulo em 1972, posteriormente o Pólo de Camaçari (BA) em 1978 e logo em seguida, já na década de 80, foi construído o Pólo de Triunfo (RS) em 1982.
A primeira fase da consolidação deste setor foi marcada pelo sistema “tripartite” que se consolidou efetivamente na central de matérias-primas Copene. Neste sistema cada empresa teria 1/3 do capital em mãos da iniciativa privada nacional, 1/3 com a estatal Petroquisa e 1/3 com uma empresa privada estrangeira, que normalmente tinha o know-how tecnológico.
Entretanto, em função dos problemas com a expansão do endividamento externo do Brasil e dos problemas relativos a escassez de crédito no sistema financeiro internacional, o sistema tripartite a partir da década de 1980 já dava os primeiros sinais de esgotamento, e na década de 1990, com a inclusão das empresas do sistema Petroquisa no Programa Nacional de Desestatização do governo Collor, somente na Petroquímica União (PQU), Copene e Copesul ainda havia participações da Petroquisa, embora modestas, oscilando entre 15 a 18% do capital votante dessas empresas.
Atualmente as três centrais de matérias-primas petroquímicas brasileiras, juntas, têm capacidade de produção de 2,9 milhões de toneladas anuais de eteno (etileno), seu principal produto. É uma indústria que opera com elevadas economias de escala e as novas plantas possuem cada vez maiores capacidades de produção, sendo projetadas para acompanhar a ciclicalidade típica da demanda deste setor, a qual sofre fortes influências da conjuntura macroeconômica interna e externa.
No Brasil a indústria petroquímica caracteriza-se como um oligopólio altamente concentrado e de baixa integração vertical em sua cadeia produtiva. Em contraste podemos citar os EUA, país cuja indústria petroquímica utiliza cerca de 82% do eteno produzido no interior das próprias unidades produtoras. Atualmente no Brasil este percentual é nulo. Além disso, no Brasil a indústria petroquímica apresenta elevada concentração geográfica das indústrias de segunda geração, em função principalmente das dificuldades técnicas e do alto custo de transporte de seus produtos, resultando na dificuldade de se trocar fornecedores ou consumidores.
O setor petroquímico brasileiro, a partir do ano 2000, passou a enfrentar sérios problemas com a eliminação dos subsídios à nafta, seu principal insumo, cujo único fornecedor é a Petrobrás. Uma vez que 83% dos custos variáveis provêm da matéria-prima, o setor teve seus custos elevados, fato que prejudicou inclusive o faturamento das empresas que produzem os chamados produtos de segunda geração, os quais podem ser importados pelas empresas que os utilizam, como é o caso do polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), polietileno de alta densidade (PEAD) e o polipropileno.
Apesar do eteno poder ser produzido a partir do etano, derivado do gás natural, a nafta tem sido a matéria-prima mais utilizada em nível mundial, pois apesar de seu processo produtivo ser mais complexo, seus custos elevados são compensados na maior parte pelos créditos obtidos com a venda dos subprodutos gerados no processo produtivo, alguns de alto valor agregado como o propeno.

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